“(...) porque terão de responder por todo o bem que podiam fazer e não fizeram (...)”
- O Livro dos Espíritos, questão 896.
Na questão 893 de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga qual a mais meritória das
virtudes, obtendo dos Espíritos a resposta de que é a caridade desinteressada. Mas o que
é caridade segundo a Doutrina Espírita? Para facilitar a compreensão, pode-se dividi-la
em caridade material e moral.
A caridade material compreende aquilo que tem manifestação no mundo físico,
devendo ser exercida com desprendimento e amor, sem humilhar quem recebe. O amor
se manifesta na maneira como se dá, não incluindo os que doam algo apenas para se
verem livres de quem pede ou para aliviar a consciência, mas sim a atitude realizada com
real vontade de auxiliar. Já o desinteresse consiste em não esperar reconhecimento,
gratidão ou retorno de qualquer espécie pela ação realizada, consoante a frase: “que a
mão esquerda não saiba o que dá a mão direita”. Assim, pode-se dar muito ou pouco,
com muito ou pouco amor.
A caridade moral, como a entendia Jesus, é elucidada na questão 886 de O Livro
dos Espíritos, como sendo benevolência (boa vontade) para com todos, indulgência
(tolerância) para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas. Esse conceito de
caridade reúne todos os deveres do ser humano para com seu próximo, podendo ser
exercitada através de três perguntas (1)
A – Ao pensar, julgando ou avaliando o próximo, como devo proceder? Com indulgência
(tolerância);
B – Como deve ser a minha ação para com o meu próximo? Com benevolência (boa
vontade);
C – Como devo receber a ação do próximo? Com perdão.
Assim, a caridade moral pode ser (2)
* verbal: palavras que consolam, esclarecem e edificam, prece que aproxima de Deus,
silêncio ou suavidade no falar;
* mental: ondas mentais sob a forma de perdão, prece e amor, emitidas em favor de
encarnados e desencarnados;
* gestual: afago fraternal, abraço, aperto de mão, sorriso, carinho;
* passiva: silêncio diante de uma ofensa, atenção perante um desabafo;
* mediúnica: amparo a encarnados e desencarnados através da faculdade mediúnica.
Sempre há condições e oportunidades para o exercício da caridade, pois não há
quem não possa doar algo, dedicar atenção a um irmão, vibrar positivamente por alguém;
cada indivíduo, porém, procura e encontra meios de realizar o bem de acordo com a sua
evolução espiritual. Mas, à medida que compreende que fora da caridade não há
salvação (evolução), o Espírito esforça-se por praticá-la em suas diversas manifestações,
eliminando assim, gradualmente, o orgulho e o egoísmo, na exata proporção que se eleva
a Deus.
Cláudia Schmidt – Caridade Segundo a Doutrina Espírita
–
O Consolador – Nº 187 – 05/12/2010
(1) MASSI, Cosme D. B. A Caridade segundo o Espiritismo. Revista A Reencarnação.
FERGS Editora.
(2) COELHO, José Marcelo Gonçalves. Caridade Integral. Revista Internacional de
Espiritismo. Editora O Clarim. Novembro de 2001.
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