Na
paisagem invadida de sombras, a multidão sofria e lutava por
encontrar uma porta libertadora.
Na
movimentação dos infelizes, surgiam conflitos e padecimentos,
incompreensões e entraves que somente serviam para acentuar a
penúria e o medo, as aflições e as feridas reinantes no caminho.
Alguns
beneméritos aparecem com o objetivo de solucionar o enigma da
região.
Culto
orientador intelectual elevou-se à grande tribuna, envolvida
igualmente de trevas, e procurou instruir e consolar a compacta
fileira de sofredores, conquistando o respeito geral; contudo, nem
todos lhe compreenderam, as palavras e áridas discussões se fizeram
no vale da espessa neblina.
Veio
um grande benfeitor e, compadecido, distribuiu vasta provisão de
alimento e agasalho aos famintos e aos nus, merecendo o aplauso de
muitos; entretanto, achava-se limitado às possibilidades individuais
e não pode atender a todos, perseverando o império da dor no
círculo popular.
Surgiu
um médico e dispôs-se a curar os corpos doentes e amparou a
comunidade, quando lhe foi possível, recebendo expressivo
reconhecimento público; mas não conseguiu satisfazer a exigência
total do extenso domínio de sombras, mantendo-se o vale na antiga
situação de expectativa e discórdia.
Apareceu
um filósofo e aconselhou regras especiais de meditação, atraindo o
carinho e a gratidão dos pesquisadores intelectualizados; no
entanto, era incapaz de resolver todos os problemas e a paisagem
prosseguiu dolorosa e escura.
Mas,
surgiu um homem de boa vontade que, depois de recolher bênçãos e
valores, no serviço aos semelhantes, acendeu uma luz no próprio
coração.
Maravilhoso
milagre surpreendeu o vale inteiro.
Nem
mais contendas, nem mais reclamações.
Precipitou-se
a multidão para a claridade daquele que soubera transformar-se em
lâmpada viva e brilhante, descortinando a estrada libertadora.
Tal
benfeitor correspondia à exigência de todos e solucionara o
problema geral.
E,
por bem-aventurado, avançou para frente, com o poder de guiar e
auxiliar, por haver improvisado em si mesmo o poder silencioso de
amar e servir.
Não
duvidemos, em nossas dificuldades, de aprender e ensinar, recebendo
as luzes do Alto e distribuindo-as no grande vale da luta humana.
Todos
os títulos de fraternidade e benemerência são veneráveis, mas, o
coração que se uma ao Cristo e se converte em luz para todos os
companheiros da romagem terrestre e, sem contestação, o autor feliz
da caridade maior.
André
Luiz
André
Luiz –
Livro: Apostila da vida, O bem-aventurado (Chico Xavier)
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